"Ser para ser" é a nome da minha mais recente música...acabadinha de gravar, hoje, à poucas horas atrás, no meu quarto mágico...também tenho um meu caro Sam The Kid...lol...bem não podendo por agora dispunibilizar a música deixo-vos com o poema que lhe deu corpo e alma...com uma elevada carga negativa talvez por ter sido escrito em plena época de exames...uma boa leitura...
Mais um vago segundo
Ponteiro atracado
A um lago sem fundo,
Lançada âncora
Entre viscosa fluidez
Afogado à nora
Desgostosa timidez,
Viúva senhora
À porta fica embora,
Arrombada a horta
Colhidas as maçanetas
Semeadas despedidas,
A lágrima?
Aduba janelas manetas
Não tocadas
Desde quando respiradas
Já não rasgadas
Pelo suor vidrado
Duma pele caiada
Pelo andaime abandonado,
Aonde o fio da fiada?
Ser-me a ti mundo?
E eu que me sou a mim!
Ser por ser
Viver por viver
Tocar, quê?
Ver, quê?
Saborear por viver?
É ser para ser! oferta
Dar-me a ti mundo?
Jamais dádivas mortais
A cais infernais
Salgados ao evaporar d’almas
Outrora precipitadas
Ao trovejar das palmas
Agora entre mãos apertadas
Suplicando às alturas
A implantação de censuras
A salinas puras
Da sua secura seguras,
Para quê diluídas
Em soluções amnióticas
Berrantemente paridas,
Hemorragias neuróticas
De vidas antibióticas
Em vivências caóticas,
Deixar a água
Atracar nos cais
E o sal arder a mágoa
Raiada por chuvas torrenciais
Que alagam de chamas
Partos e partos imortais,
Dar-me a ti mundo?
E tu que me dás a mim?!?
Dar por dar
Nascer por nascer
Fazer, quê?
Criar, quê?
Mostrar estar por viver?
É ser para ser!
Tu és em mim mundo,
És a imagem
Que te faço ser,
És o chinfrim
Que te ouvi fazer,
Tu és através de mim,
A prova de eu estar e ser,
O reflexo esbatido
Do eu, teu criador,
Sou eu teu ditador
Pelo insucesso abatido,
Controlo ficou perdido
Para o acaso anárquico
Ou divino
Que num absolutismo
Monárquico
Arrasou o destino
Outroramente lavrado
Numa terra de insónias inconscientes
Onde sonambulava sonhador
Das minhas certezas pastor
Que agora enterra o rebanho
Como quem aterra seu caixão,
Infértil adubação
Em que arranho
Às talas da ilusão
E me atrelo à barca
Da linear maquinação
Em que tu és a mim mundo
Enquanto eu me sou a ti!
E você? Também embarca?
Lutar por lutar
Fugir por fugir
Enganar, quê?
Sair, quê?
Suar mar pa’ iludir
É ser para ser!