Thursday, September 13, 2007

Dor Obreira



Será isto um pré-requisito
Para isto que me faço escrever,
Terei que me sentir sempre assim,
A causa e o meu próprio fim
Sob um luar esquecido em maresia
Respirada tão profundamente
Quanto a profundeza da facada me permite…
Um punhal de dois gumes espetados em mim,
Algo a que já me habituei
E sem o qual não sou…
Este modo de me ser e sofrer
É uma dádiva dispensável,
Merda para os versos e para esta merda de poesia!
Morro só a cada linha cruzada na linha da vida,
É ela a razão de me ser, é ela o fim de me ser,
Mas já estou farto de tudo, dela e do mim,
Porque não ser esta a última linha lacrimada?
Já não foi, suicídio de dor obreira adiada,
Mas até quando aguentarei o poeta que encarnei?
Vai-se apoderando das alegrias que virão
E aprisionando a mim a desilusão…
Não poderei conciliar o Cristiano que sou
E o Samantar Mohi que me faço ser?

:::samantar mohi:::
01/12/2006

@ Praia dos pescadores, Albufeira