Friday, May 11, 2007

Divagares Lunáticos
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Olá paredes de cristais líquidos polarizados com que não consigo deixar de falar! Pergunto-me , por vezes, se vocês me ouvem...pouco me importa também! Se em termos de acesso à informação passámos do 8 para o 80, essa mesma informação também passou a entrar a 100 e a sair a 200...o que é perfeito! Assim, cada dia é um dia na luta por um novo dia...passando agora à razão que me faz perder minutos deste dia falando com os meus sempre fíeis cristais líquidos: era uma vez um dia, em que aventurei-me a escrever um poema para um instrumental do grande produtor RJD2...passados uns bons meses a história foi outra: era uma vez um dia em que, finalmente, gravei a música com o instrumental do grande produtor RJD2...portanto, hoje aqui está o poema...
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Ecos futuros ressoam ao despenhar do oceano
Estilhaçado em biliões de cortantes lágrimas
Fustigando o leito urbano num gemer soprano
Suspirado por uma cidade sangrada por estigmas
Infligidos ao descortinar de salutares enigmas,
Guardiães sagrados dos mais dogmáticos paradigmas
Dissolvidos em milhares de inspirares matemáticos
De que fujo em divagares lunáticos…

Divagares lunáticos que me aterraram aqui
Órfão duma imaginação anti-gravitação
Sugando toda uma tempestade que se jaz em mim,
Morremorrendo entre trapos ensopados
Trespassados por uma brisa gélida, enfim em mim,
Ainda ressacado num chinfrim difuso
Aclarando-se num em vão sermão intruso
Apontando-me o uso que dou à vida e abuso…

Abuso da vida ou à vida dou uso,
Abuso da vida ou dela não sou recluso,
Abuso da vida submeter-me recuso,
Recuso temer a morte, faço-me à sorte,
À sorte que me germinou e ainda não secou
O sangue que fervilha por um passo incerto,
Um fado encoberto, um todo em aberto,
Já que circula condenado a um circuito fechado
Jorrando pelas mesmas artérias, veias capilares
Embalado do beco da alma por ritmados uivares
Que despertam os músculos assombrando a calma
Recolhida em casulos lançados aos sete mares,
Oceano de espontaneidade
Sobre leito de transparência,
Em terra de prudência
Sob efeito da falsidade,
No ar as reticências
Do defeito de experiências,
Em fogo a racionalidade
Em proveito da existência…

Existência questionada
Em mais uma noitada
Entre livros desperdiçada
Assimilando tanto nada
À voz da consciência,
Mas aonde a coerência
Desta noite escravizada,
Eu tenho auto-clemência
Que se foda a ciência
E esta alma mecanizada,
Sou livre e assim serei
Nesta cadeira não morrerei…
Ressuscitoooooooooooo…
Corro desamparado
Na minha ânsia levito
Grito gritoooooo
Pela noite iluminado,
À resultância sou cego,
Assassinei o super ego
E o meu ser cidadão,
Sou a bestial chaga
Que sangra sem razão,
A animalesca praga
Que até revolve o chão,
O sismo que alaga
A encarnação do animismo,
Sou a alma do que vejo,
Todo o universo autófago
Amanhecido sem cacarejo
Para um fado cagófago,
Sou um agnosta no trono,
(O sol sem sono,)
Coração sem colono,
S.Nicolau dos telhados de Alfama
Hasteando poemas à chama do Tejo
Mirando a ninfa e a ninfa beijo,
Sou vampiro e a saliva derrama
Nestas papilas a secura do Alentejo,
Quero o gosto da carne…
Senti-la com o suor das palmas das mãos,
Fundir-me com a ninfa em clímaxes sãos
No consumir (da carne…
Carne húmida escorre em desejo
Gelada pelo assombro da luz
Que desperta das nuvens no bocejo)
Dos meus divagares lunáticos…

Divagares lunáticos que me fazem assim
A imagem inversa do que queriam de mim
Desafiando cada olhar cruzado à fixação,
Não me olhem em fugaz indignação,
Esses olhares não me são indiferentes,
Obrigado, alimentam-me esta paz e alienação,
Cruzamos rentes as mesmas calçadas,
Eu sendo eu e vocês sendo vocês,
Eu ao encontro de mim, vocês fogem,
Deixo-vos fugir abrigados dos porquês,
Abrigados do tempo sem tempo correm,
Eu caminho à chuva ao abrigo do tempo
Encharcado da certeza de cada passo,
Do desalinho em que me moldo ao vento,
Da claustrofóbica ânsia de espaços
Para a incógnita do momento
...

...e aqui está a música www.myspace.com/samantarmohi

Espero que gostem e até breve!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

eu e pedro lopes do site www.luso-poemas.net estamos a pensar fazer uma antologia 100 autores, 100 poemas pela ecopy. Neste projecto cada autor participa com 1 texto. O unico custo que terá é comprar 1 livro, ou seja terá o preço de 12 euros. é um livro que pode estar em qlq loja que qualquer autor arranje para além das muitas lojas onde está presente, pensei em o convidar, se quiser será um prazer:)


responda para pedro_lopes777@hotmail.com
grande abraço

Monday, 27 August, 2007

 

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