Em palco
Foi no dia 12 de Agosto, não faz muito tempo, na grande Gralheira, uma aldeia certamente não perdida entre os montes da Serra de Montemuro...foi ela que me encontrou é certo...foi lá que nos encontrámos...o novorpheu...o meu primeiro concerto...não deles...mas de mim com eles e comigo próprio...e com eles e em mim encarnei Samantar Mohi...
E de repente a escuridão…
O apagão das luzes da colonização
Devolve à aldeia as cores do luar
Como se rasgasse a teia de padrões
Tecida por aracnóides gerações
De pastores e cavadores do mar,
Verde e rochoso,
O único que conheceram
E que ainda navegam em velhas barcas
Pelos cumes dum Montemuro receoso,
Eles defendem-no do tempo
No tempo que resta das suas vidas,
Andam à deriva…andam à deriva
Ao sabor do vento cortado por pás férreas
De megalómanos moinhos brancos
Que geram a energia que alimenta a saudade
Do pó das arcas, da brisa sérrea, dos anos mancos,
Resta-lhes o peso da idade,
Resta-me o apagão…
O cinzento horizonte,
A minha desilusão,
O fogo no outro monte…
E como ele está vivo,
Altivo na conquista dos céus
E disputando com a lua a luz da noite
Numa batalha por montes réus
Derramados em cinzas e mais cinzas…
E como é belo o fogo
Ao longe, bem ao longe,
Bem perto da fronteira da ilusão
Como um oásis perdido no lodo
Imanando a luz da minha salvação…
Continuo à espera,
Mas a luz teima em voltar,
Continuo assim sentado,
Deitado, sem querer acreditar,
Ora falando ora calado
Sufocando bem devagar
Na minha total impotência…
Já não temo subir ao palco,
Quero ardentemente escalar os socalcos
Que me levam à minha quimera
E enfrentar a fera que larguei contra mim
Para me por à experiência,
Já não temo subir ao palco,
Mas enfim…
Até estou calmo, à deriva,
Já não sou o homem do leme,
O meu vazio conforta-me
Como o perder sem justa causa…
Continuo à…”luz, luz, LUZ!!!”
Levantamo-nos
Ao renascer dos trilhos luminescentes
Que rasgam subitamente encosta acima
Rumo ao sonho por momentos cadente
De pisar o estrado e embalar a rima
E encontrar agrado e sobretudo bom clima…
Está tudo preparado…eu também…
Ou não! Ou não! Estou a ficar tenso…
Cada vez mais tenso, quanto mais penso…
“Vamos, vamos, temos que começar!”
Oh não! Sinto-me de repente arrastado
Por uma confiança extrínseca a mim,
Certamente…talvez sejam eles,
O sentido de responsabilidade perante eles,
Eles, o público? Eles, os novorpheus?
Não sei, perante mim? Perante mim!
Estou confuso! Já estou cá em cima,
Um metro acima deles, perante eles,
Para eles e simplesmente por mim…
Talvez seja tão simples quanto isto…
Entra o instrumental…poderoso!
Abafa os murmúrios deles…distantes!
Mas nós não…Novorpheu!
Pontas…Fánà…B-Twin…Eu!
“Samantar Mohi não serás capaz!
Cala-te, já não suporto a tua voz,
Eco interior, penal, sem primor,
Feroz capataz, da arte inquisidor,
Profana o meu ego
Na chacina da utopia
A que cego me entrego
Em peregrina profecia…
Se a poesia e a minha cruz
Então é a cruz que eu carrego,
Sim prego-me à luz que reluz
Das entranhas deste beat
Que se amanha na campanha
Contra as manhas de Afrodite…
Ilusão sangrada ao limite
Pelos estilhaços da dinamite
Plantada a escassos passos
Dum coração sem apetite…
Já nenhum Deus aclamo,
Já nenhuma ninfa chamo
Já só o HipHop eu amo
E infamo desumano poetizar
Quando imano a minha alma
Sob a chama deste expirar…
Arde em mim um árduo motim
Contra este desacreditar ruim…
Acredita não me encerrarás
No meu alcatraz,
O apagão das luzes da colonização
Devolve à aldeia as cores do luar
Como se rasgasse a teia de padrões
Tecida por aracnóides gerações
De pastores e cavadores do mar,
Verde e rochoso,
O único que conheceram
E que ainda navegam em velhas barcas
Pelos cumes dum Montemuro receoso,
Eles defendem-no do tempo
No tempo que resta das suas vidas,
Andam à deriva…andam à deriva
Ao sabor do vento cortado por pás férreas
De megalómanos moinhos brancos
Que geram a energia que alimenta a saudade
Do pó das arcas, da brisa sérrea, dos anos mancos,
Resta-lhes o peso da idade,
Resta-me o apagão…
O cinzento horizonte,
A minha desilusão,
O fogo no outro monte…
E como ele está vivo,
Altivo na conquista dos céus
E disputando com a lua a luz da noite
Numa batalha por montes réus
Derramados em cinzas e mais cinzas…
E como é belo o fogo
Ao longe, bem ao longe,
Bem perto da fronteira da ilusão
Como um oásis perdido no lodo
Imanando a luz da minha salvação…
Continuo à espera,
Mas a luz teima em voltar,
Continuo assim sentado,
Deitado, sem querer acreditar,
Ora falando ora calado
Sufocando bem devagar
Na minha total impotência…
Já não temo subir ao palco,
Quero ardentemente escalar os socalcos
Que me levam à minha quimera
E enfrentar a fera que larguei contra mim
Para me por à experiência,
Já não temo subir ao palco,
Mas enfim…
Até estou calmo, à deriva,
Já não sou o homem do leme,
O meu vazio conforta-me
Como o perder sem justa causa…
Continuo à…”luz, luz, LUZ!!!”
Levantamo-nos
Ao renascer dos trilhos luminescentes
Que rasgam subitamente encosta acima
Rumo ao sonho por momentos cadente
De pisar o estrado e embalar a rima
E encontrar agrado e sobretudo bom clima…
Está tudo preparado…eu também…
Ou não! Ou não! Estou a ficar tenso…
Cada vez mais tenso, quanto mais penso…
“Vamos, vamos, temos que começar!”
Oh não! Sinto-me de repente arrastado
Por uma confiança extrínseca a mim,
Certamente…talvez sejam eles,
O sentido de responsabilidade perante eles,
Eles, o público? Eles, os novorpheus?
Não sei, perante mim? Perante mim!
Estou confuso! Já estou cá em cima,
Um metro acima deles, perante eles,
Para eles e simplesmente por mim…
Talvez seja tão simples quanto isto…
Entra o instrumental…poderoso!
Abafa os murmúrios deles…distantes!
Mas nós não…Novorpheu!
Pontas…Fánà…B-Twin…Eu!
“Samantar Mohi não serás capaz!
Cala-te, já não suporto a tua voz,
Eco interior, penal, sem primor,
Feroz capataz, da arte inquisidor,
Profana o meu ego
Na chacina da utopia
A que cego me entrego
Em peregrina profecia…
Se a poesia e a minha cruz
Então é a cruz que eu carrego,
Sim prego-me à luz que reluz
Das entranhas deste beat
Que se amanha na campanha
Contra as manhas de Afrodite…
Ilusão sangrada ao limite
Pelos estilhaços da dinamite
Plantada a escassos passos
Dum coração sem apetite…
Já nenhum Deus aclamo,
Já nenhuma ninfa chamo
Já só o HipHop eu amo
E infamo desumano poetizar
Quando imano a minha alma
Sob a chama deste expirar…
Arde em mim um árduo motim
Contra este desacreditar ruim…
Acredita não me encerrarás
No meu alcatraz,
Acredita EU SOU CAPAZ!!!”
:::samantar mohi:::
23 / 08 / 06
1 Comments:
Quem esteve e viveu, reconhece em cd verso um momento dessa noite. E, nesse interludio de breu mais um passo em frente, em direcçao ao futuro. Estou certa de q durante 1/2 hora ajudaram a gralheira a crescer dentro e fora de si.
Wednesday, 30 August, 2006
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